quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

As novas pautas da sustentabilidade*

Por Anne Rodriguez - Vale do Paraíba/SP

O ano de 2007 teve início com previsões alarmantes sobre o futuro do planeta. A mídia acompanhou a revelação de diversos especialistas no assunto e expôs com demasiada freqüência as informações sobre o atual desequilíbrio ambiental.


O Meio Ambiente está em pauta nos principais meios de comunicação, isso é inegável. No entanto, ao contrário do que se possa pensar, o tema não é um mero modismo. Meio Ambiente é um assunto que veio para ficar. Porém, a mídia ainda não se deu conta da responsabilidade que tem nesse processo. O que ocorre é que as redações jornalísticas estão despreparadas para abordar o tema com toda sua complexidade, como justifica o jornalista Sérgio Vilas Boas, autor do livro Formação e Informação Ambiental: jornalismo para iniciados e leigos.

Concomitantemente, a Humanidade vive a Era da Informação. O homem moderno recebe mais informações em um único dia do que um homem do século XVI recebeu em toda a sua vida. As pessoas estão expostas constantemente ao fluxo de informações gerado, principalmente, pela mídia. Nesse contexto, os meios de comunicação exercem influência sobre hábitos, comportamentos e costumes da sociedade.

O jornalista André Trigueiro, autor do livro Meio Ambiente no Século 21, alerta, “a mídia não pode tudo, mas pode muito”. Os jornalistas, em especial, devem incluir com rigor e urgência nas redações a abordagem ambiental. O tema não se insere apenas nos furos de reportagem sobre catástrofes naturais, acidentes ambientais ou contrabando de animais.

Em um mundo, por exemplo, onde o problema da fome ainda não foi resolvido e a agricultura gera diversos impactos ambientais, se faz urgente a necessidade de se discutir o desenvolvimento sustentável a nível local. O tema está diretamente relacionado a economia, política, energia e hábitos de consumo.

A pauta ambiental não deve se tornar mais uma editoria no jornal, na revista, no rádio ou na televisão. O jornalismo ambiental deve ser exercido em todas as pautas, nas diversas editorias. Do contrário, a segmentação das notícias ambientais irá comprometer a articulação dos saberes. Segundo o jornalista Wilson da Costa Bueno, “esta fragmentação empresta a cobertura olhares parciais, geralmente equivocados da questão ambiental, de seus problemas e soluções”.

A afirmação encontra eco nas palavras de André Trigueiro, que garante que enquanto houver editorias ambientais, secretarias de meio ambiente e jornalistas ambientais, as pessoas não saberão compreender o meio ambiente de modo sistêmico. Para a consolidação do desenvolvimento sustentável do planeta, o olhar sistêmico é aquela postura que garante a Humanidade compreender que todos os problemas estão interligados e são interdependentes.


Eu e André Trigueiro durante o II Fórum Paulista de Jornalismo Ambiental, em São Paulo


O jornalista deveria começar a ampliar a sua visão do que é meio ambiente ainda na faculdade. Mas, por enquanto, o jornalismo ambiental não é uma disciplina obrigatória nas grades curriculares das faculdades brasileiras de jornalismo. A visão sistêmica precisa ser cultivada, em especial, nas redações. Só então, será possível vislumbrar novas pautas da sustentabilidade.

O jornalista, comprometido com o desenvolvimento sustentável do planeta, é aquele que saberá incluir a abordagem ambiental em qualquer que seja a editoria na qual esteja cobrindo. Não é preciso existir jornalistas ambientais em todas as redações. O que deve existir são jornalistas capazes de relacionar o tema Meio Ambiente aos demais segmentos da sociedade.


*Artigo escrito em Novembro de 2007 para a Revista TCCendo, produzida pelos formandos em Jornalismo da FATEA - Lorena/SP - Turma de 2007.

*******************
Anne Rodriguez
Graduada em Jornalismo
E-mail: anne_jornalismo@yahoo.com.br
MSN:
annerodriguez@hotmail.com