Por Anne Rodriguez - Vale do Paraíba/SP
O descarte indevido do óleo de cozinha no meio ambiente contribui para a formação das enchentes, poluição das águas e efeito estufa.
Uma vez por semana, na casa da dona Maria José Pinto Rodrigues, em Lorena, filhos, noras, genros e netos se reúnem para o típico almoço de domingo. A dona-de-casa consome, em média, cerca de ½ litro de óleo de cozinha para preparar o tradicional almoço em família. Após o uso, se esse óleo comestível for jogado no ralo da pia ou despejado na terra do jardim, dona Maria estará contribuindo com as causas da poluição da água potável e com o efeito estufa.
O descarte indevido do óleo de cozinha é uma atitude que contribui para tornarem concretas as previsões da Organização das Nações Unidas sobre as conseqüências da ação do homem no meio ambiente, divulgadas amplamente no início do ano. Entre as previsões relatadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU, está a constatação de que, em 20 anos, cerca de 60% da população mundial não terá acesso à água potável.
Um litro de óleo de cozinha contamina cerca de um milhão de litros de água, divulgou o Comitê das Águas de Lorena. Pelo ralo da pia, o óleo que não fica retido no encanamento chega à Estação de Tratamento de Esgotos, contamina a água e atrapalha o processo de tratamento das Companhias de Saneamento Básico. Na terra, o óleo de cozinha deixa o solo impermeabilizado, a água da chuva não escoa e ocorrem as enchentes.
Mas, na casa da dona Maria, o óleo de cozinha usado volta para a panela para ser transformado em sabão. Mesmo sem saber, há mais de dez anos a dona-de-casa ajuda a evitar o descarte indevido do produto no meio ambiente. “No começo eu fazia o sabão por economia. Quando descobri que também posso ajudar o meio ambiente com essa atitude, ficou ainda melhor produzir o sabão reciclado. A gente faz economia e ajuda a natureza”, alegra-se.
A iniciativa da dona-de-casa contribui para a diminuição dos gases causadores do efeito estufa. O professor de Química Ambiental da Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP), Francisco Chaves, explica que o óleo de cozinha gera a emissão do gás metano durante a sua decomposição. “Esse gás contribui oito vezes mais para o efeito estufa do que o dióxido de carbono (CO2)”, enfatiza.
O descarte do óleo comestível ganhou a atenção do Comitê das Águas de Lorena. Em março deste ano, o órgão lançou o Programa de Coleta do Óleo de Cozinha Usado, na cidade. “As pessoas podem separar o óleo em garrafas pet e o único trabalho será levar esse material no posto de coleta mais próximo de sua casa”, argumenta o presidente do Comitê das Águas, Celso Giampá. (veja abaixo os locais de coleta do óleo de cozinha usado).
Uma parte do produto arrecadado pelo Comitê das Águas é reservada à Associação dos Moradores do bairro Novo Horizonte para a produção do sabão. O restante do óleo comestível usado está sendo armazenado e, no futuro, será destinado à produção de ração animal e biodiesel. “O bom seria se todos tivessem o mesmo ideal para melhorar o futuro do planeta. Eu busco fazer a minha parte. São pequenas ações, mas se cada um fizer alguma coisa, será mais fácil ajudar o planeta”, conclui dona Maria.
Alguns postos de coleta do óleo de cozinha usado em Lorena
ACIAL (Associação Comercial e Industrial de Lorena)
AEAL (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Lorena)
Semear (Secretaria do Meio Ambiente, Agricultura e Desenvolvimento Social)
Secretaria da Educação
Distribuidora de Água Obelix
As imagens foram retiradas dos sites:
Imagem 1: lacosazuis.blogs.sapo.pt/arquivo/bolo06.jpg
Imagem 2: www.esec-qta-marques.rcts.pt/Projectos/oleo2.gif
Imagem 3:www.conpet.gov.br/.../sabao_dica.jpg
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Anne Rodriguez
Estudante do 4º ano de Jornalismo - FATEA - Lorena/SP
E-mail: anne_jornalismo@yahoo.com.br
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